A raia-viola brasileira Pseudobatos horkelii é uma das espécies mais ameaçadas no Atlântico Sul, especialmente no Brasil. Com declínios populacionais de mais de 80% nas últimas décadas, o desembarque e comercialização da espécie são proibidos desde 2004 pela legislação brasileira. No entanto, ela ainda é amplamente capturada nesta região.
Durante o verão, as violas fêmeas migram para águas rasas e de temperatura mais elevada, onde o desenvolvimento embrionário ocorre de maneira rápida. Esta espécie apresenta diapausa embrionária, ou seja, o desenvolvimento embrionário permanece latente por alguns meses e continua quando a temperatura da água aumenta. Após o parto, as fêmeas copulam novamente e um novo ciclo reprodutivo se inicia. Os pescadores, principalmente artesanais, aproveitam este comportamento para capturar raias-viola no verão. Neste contexto, quando se captura uma raia-viola adulta, existe grande probabilidade de ter-se capturado mais indivíduos- a fêmea e sua prole.
A pesca da raia-viola também é uma tradição cultural na pesca artesanal e recreativa, sendo transmitida por gerações. Vários pescadores idosos contam que as capturas de raias-viola tem decaído nas últimas décadas e que é cada vez mais difícil capturar essa espécie nos dias de hoje. Eles também afirmam que grande parte dos espécimes capturados eram fêmeas grávidas as quais, eventualmente, abortavam pequenos embriões ainda na rede de pesca.
Não é difícil encontrar carne de raia-viola sendo vendida no sul do Brasil, apesar de ser uma prática proibida. Feiras locais vendem essa carne, especialmente pois ainda existem consumidores interessados neste produto. Na verdade, algumas pessoas sequer sabem que esta espécie está ameaçada e que sua comercialização é proibida. Por este motivo, enquanto houver o consumo, intencional ou não, de raias-viola, elas ainda serão capturadas e comercializadas.